sexta-feira, 21 de novembro de 2014

1º dia na cidade de Coimbra – Universidade (Parte 1)

Alto, bem no alto da cidade de Coimbra iniciamos a nossa visita e logo a um dos símbolos desta cidade estudantil recentemente reconhecida pelo UNESCO como Património Mundial, falamos da magnífica Universidade de Coimbra e todo um complexo de edificações pertencentes à mesma.
Criada em Lisboa pelo rei D. Dinis em 1290 a Universidade só foi definitivamente transferida para Coimbra em 1537 já no reinado de D. João III, é considerada uma das universidades mais antigas e prestigiadas da Europa. Atualmente chama-se Paço das Escolas ao espaço histórico que alberga um conjunto de faculdades que a constituíram aquando da sua abertura, curiosamente este local, que anteriormente se chamava Paço Real da Alcáçova, foi cedido pelo próprio rei de Portugal em 1544.

Estátua de D. Dinis a presentear os visitantes

A nossa visita começa na Praça D. Dinis onde podemos contemplar a estátua que dá nome ao referido espaço, à nossa esquerda está o Departamento de Matemática e imediatamente à direita o Colégio de S. Jerónimo que atualmente serve como serviços académicos. Seguimos em frente percorrendo a Rua Larga e as Faculdades de Medicina, Química e Física com os seus imponentes edifícios de linhas direitas a sombrear por quem lá passa, até chegarmos a um novo largo frontal à Porta Férrea onde avistamos a Faculdade de Letras à direita e a Biblioteca Geral à esquerda.

Porta Férrea que limita a entrada ao Paço das Escolas
 
Chegamos então à entrada oficial do Pátio das Escolas onde vislumbramos uma deslumbrante entrada designada por Porta Férrea. Esta estrutura tem a particularidade de retratar os dois reis que marcaram a história da instituição: no exterior, D. João III, cuja estátua se encontra no pátio, e no interior da Porta Férrea, D. Dinis, o fundador da Universidade. De realçar também a figura da Sapiência, que serve de insígnia à Universidade e representações das antigas faculdades – Teologia, Medicina, Leis e Cânones.
Transpondo as portas e chegado ao Pátio das Escolas deparamo-nos com a plenitude da Universidade e questionamo-nos como seria a vida académica à uns séculos atrás. De costas para a porta apresenta-se à nossa direita um frontão volumoso antecedido de uma escadaria continua, trata-se da Via Latina cujo o seu aspeto final marca a transição da língua oficial do reinado do Latin para o Português com a chegada da reforma Pombalina (1772). Em direção frontal ao portão destaca-se o ponto mais alto deste pátic: A famosa Torre da Universidade que está contigua à Faculdade de Direito. Finalmente, ao lado desta, encontra-se a Capela de S. Miguel e a muito apreciada Biblioteca Joanina. Frontal a estes dois edifícios encontramos o Colégio de S. Pedro, um edifício extenso com a fachada virada para o pátio interior.

Via Latina em pleno Paço das Escolas
 Subindo a escadaria da Via Latina, visitamos o antigo paço real que é formado por três grandes salas: Sala dos Capelos, Sala do Exame Privado e Sala de Armas.

Sala dos Capelos
 
A Sala dos Capelos era a antiga sala do trono do Paço Real da Alcáçova, onde viveram os reis da primeira Dinastia Portuguesa (1143-1383). Ao longo dos séculos foi sofrendo diversas alterações como por exemplo fecho as janelas, varandas e portas manuelinas ou a colocação de azulejos na parede em formato de tapete, mas nunca descaracterizando a sala em demasia. Destaca-se as pinturas belíssimas no teto da respetiva sala bem como as grandes telas, em todo o redor desta, com as figuras pintadas dos reis de Portugal por ordem cronológica. Em jeito de brincadeira seria uma boa sala de estudo para os nossos filhos ficarem a conhecer as imagens dos homens que nos reinaram ao longo do nosso passado glorioso. Finalmente esta sala hoje é usada para defesas de teses do Doutoramento, bem como a abertura anual das aulas no mês de Outubro. 

Sala de Exame Privado

 Mesmo ao lado fica a Sala de Exame Privado que como o nome indica era onde os candidatos a doutores realizavam a sua prova oral à porta fechada e de noite. Além do seu teto pintado e bem trabalhado apresenta ao seu redor a figura dos diversos reitores que representaram a instituição antes de 1701, além do lambrim em azulejo executado pelo oleiro e pintor conimbricense Agostinho de Paiva. Anteriormente à data de fixação da Universidade no antigo Paço Real esta era utilizada como câmara real, ou seja, o local onde o monarca pernoitava.

Sala de Armas ou Archeiros

 A terceira sala aberta ao público é a Sala de Armas ou dos Archeiros, onde podemos ver um conjunto de armas, alabardas melhor dizendo, que serviram a Guarda Real do Archeiros que tinham como área de jurisdição a Universidade. Hoje em dia só existe a aparição desta guarda em dias de cerimónia solenes.
Na sala sobressai à primeira vista os seus azulejos com cenas ilustrando estampas Holandesas cuidadosamente pintadas em Lisboa. A partir desta sala nobre temos acesso a outras duas pequenas salas contiguas designadas por Sala Amarela e Sala Azul, a primeira representando as cores da Medicina e a segunda a Ciência, onde deparamo-nos com retratos de reitores a partir do séc. XIX. Todas estas salas pertenciam ao antigo paço Real, pelo que foram transformando-as ao longo dos séculos para melhor servir os costumes da instituição.

Depois de visitarmos estas salas onde muita sabedoria e conhecimento foram partilhados e discutidos, decidimos não subir à Torre da Universidade pelas normais limitações de andarmos com um bebé ainda pequeno. No próximo post falaremos um pouco mais da nossa aventura e dar a conhecer melhor uma das instituições de ensino mais emblemáticas da história de Portugal e da Europa.

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