sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

1º dia na cidade de Coimbra (Parte 3)

Depois de abastecidos de um excelente almoço com vista encantadora sobre a cidade decidimos visitar a Sé Nova Catedral de Coimbra. A designação de “nova” advém do facto de em 1772 com a expulsão dos Jesuítas de Portugal mandatada por Marquês de Pombal, a sede episcopal da cidade fosse transferida da velha Sé Românica, localizada na baixa da cidade, para a igreja jesuíta. Da fachada de estilo arquitetónico maneirista e barroco destaca-se quatro estátuas de santos jesuítas (Santo Inácio, S. Luís Gonzaga, S. Francisco Xavier e S. Francisco de Borja).

Fachada da Sé Nova de Coimbra
 
O seu amplo interior é constituído por uma nave única abobadada e um transepto com uma cúpula, a sua capela-mor destaca-se sobretudo pela os retábulos de talha dourada construídos nos final do séc. XVII.
Interior Sé Nova de Coimbra
 

Dados Adicionais:

Horário de Visitas:
Domingo – 10:00 a 12:30                                                                                                                                                                                                                               Segunda a Sábado – 09:00 às 18:30
 
Bem ao virar da esquina encontramos um dos espaços outrora científicos aproveitados pela Universidade para fomentar o conhecimento dos académicos e das novas gerações, estamos a falar do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra.
Museu da Ciência da Universidade de Coimbra
 
A requalificação do antigo Laboratório Químico num museu interativo faz parte de um projeto ainda em desenvolvimento que consiste em reunir o acervo científico disperso por vários museus universitários e pelas faculdades de todo o país. Com muita pena nossa e por motivos de falta de tempo não visitamos o interior do museu que conta com uma exposição permanente designada por ”Segredos da Luz e da Matéria” que, segundo o prospeto informativo, faz-nos mergulhar no fenómeno da luz e a sua interação com a matéria nos seus vários sentidos, como por exemplo a absorção da luz pela matéria que permite a visão e a cor das coisas.
Dados Adicionais:

Horário de Visitas:
Laboratorio Chimico – Terça a Domingo, das 10H00 às 18H00                                                                                                            
Bilhetes -  4 €

Após descermos até meia encosta em direção ao Rio Mondego encontramo-nos com a Sé Velha da cidade, um edifício românico alto e imponente a lembrar uma das fortalezas afonsinas do séc. XII a lembrar uma arquitetura do estilo bélico bem à modo da altura das reconquistas, no entanto, após a Batalha de Ourique em 1139, Afonso Henriques tomara a decisão de construir uma nova catedral e detrimento da anterior arrasada numa incursão militar.  Foi neste local que o rei D. Sancho I, segundo rei de Portugal, foi coroado e deu seguimento aos trabalhos de reconstrução que seu pai tinha iniciado.
Fachada da Sé Velha de Coimbra
Particularmente, a abertura dos festejos anuais da queima das fitas é celebrada nas escadarias da Sé Velha, é aqui que os estudantes dedicam à cidade que os acolhe uma belíssima serenata noturna muito apreciada pela população académica, familiares e locais orgulhosos.
O seu interior é majestoso, realce para o seu retábulo-mor em estilo gótico flamejante com figuras esculpidas ilustrando a história da Virgem e Jesus, Finalmente o claustro é constituído por arcos quebrados inspirados no estilo romano-gótico conferindo ao espaço um aspeto peculiar e interessante.
Claustro Sé Velha de Coimbra

Dados Adicionais:

Todos os dias, das 10 horas às 18 horas, podendo no período de Inverno estar fechada, para visitas, ao Domingo.
A contribuição pedida (para visitar) – €2,00

Já se fazia tarde e as pernas começavam a fraquejar e depois de absorver tanta cultura que a cidade nos tem para oferecer optamos por fazer uma visita ao por muitos considerado o melhor jardim da cidade, estamos  a falar dos Jardim Botânico da Universidade de Coimbra.
O jardim nasceu de mais uma ideia da reforma pombalina como resultado da expansão europeia a partir do séc. XV onde foi possível trazer muitas plantas e árvores exóticas essencialmente para o estudo de algumas propriedades terapêuticas e medicinais que se vieram a confirmar no decorrer dos anos, como por exemplo a descoberta da planta exótica que produz quinino, uma substância ainda hoje usada para o combate de malária que muito afetou as colónias Portuguesas em África.
Dois terços do jardim pertence a um arvoredo denso ao qual chamam de mata, onde predominam árvores exóticas, um bambuzal e um pomar que confere alguma cor e aroma em meses mais produtivos, neste local, para os mais corajosos, podem ainda aventurarem-se na prática no Arborismo que consiste num desporto radical ao qual os praticantes atrevem-se a fazer atividades como slide ou mesmo queda livre tendo as árvores e a floresta o seu pano de fundo.
Fontanário - Jardim Botânico da Universidade de Coimbra
 
Jardim Botânico da Universidade de Coimbra
Arborismo - Jardim Botânico da Universidade de Coimbra

Dados Adicionais:
 Horário de Inverno – 1 de Outubro a 31 de Março                                                                                                                                                                                       9h00 – 17h30 
Horário de Verão - 1 de Abril a 30 de Setembro                                                                                                                                                                                        9h00 – 20h 
Acesso Gratuito

Tempo de voltar ao hotel rever fotografias contar e recontar histórias ao jantar e antes de dormir pensar no quanto é bom viajar e conhecer lugares tão encantadores e com tanta história para contar como estes. Ao deitar deixamo-nos ir pelo cansaço sendo que ainda tínhamos mais um dia de visita pela frente mas o gosto e o prazer de viajar esse é inesgotável.
 Fiquem atentos ao próximo post pois relataremos uma visita a um dos parques temáticos mais antigos do mundo para a pequenada. Quem sabe do que estamos a falar?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Amores de Coimbra

Ainda em Coimbra resolvemos reviver um dos mais belos romances de sempre, outrora eternizado por Luís Vaz de Camões na sua célebre epopeia. Foi assim que nos deslocamos até aos jardins da Quinta das lágrimas, localizados na margem esquerda do rio Mondego, em Santa Clara, caraterizados por ser um dos locais mais emblemáticos da cidade e onde se acumulam as mais diversas memórias.
Aí se encontram localizadas as tão célebres “fonte dos amores” e “fonte das lágrimas”, que serviram de pano de fundo dos amores do que viria a ser o futuro Rei de Portugal (D. Pedro I) e D. Inês de Castro, a fidalga da corte, hoje detidas e preservadas pela Fundação Inês de Castro.
Pedro, filho de Afonso IV e D. Beatriz, cedo viria a ser prometido por seu pai para casar com D. Constança, contudo, numa das vezes que D. Pedro se deslocara a Castela conheceu aquela que viria a ser o seu grande e eterno amor- Inês de Castro- uma da aias de D. Constança .       Tendo sido forçado a casar com esta última, D. Pedro continuou a encontrar -se com D. Inês, provocando assim grande burburinho por toda a corte o que causou grande descontentamento a seu pai, D. Afonso IV que, furioso com tais comentários ordenou que esta fosse para o exílio no convento de Santa Clara.
Embora não pudesse estar com a sua amada, Pedro insistentemente continuou a contactá-la enviando lhe cartas e rondando os muros do convento.
Após a sua saída do exílio, Inês circulou de castelo em castelo tendo -se instalado num pavilhão de caça (atual Quinta das Lágrimas), que fora mandado edificar pela Rainha Santa Isabel (avó de D. Pedro).
Esta viria a ser a sua última morada, uma vez que por ordem de D. Afonso IV vem a ser tragicamente assassinada por três dos seus conselheiros.
Para D. Afonso IV esta seria a única via de pôr termo ao romance de D. Pedro e D. Inês, pelo que aproveitou a ausência de Pedro para ordenar que esta fosse apunhalada de forma vil e fria junto à hoje conhecida pela fonte das lágrimas.
Assim foi denominada por Luís de Camões em “Os Lusíadas”, como “Fonte das Lágrimas”, referindo que a mesma nascera das lágrimas vertidas por Inês ao ser assassinada a mando de Afonso IV de Portugal. O sangue de Inês terá ficado preso às rochas do leito, ainda rubras após seis séculos e meio.
Logo que Pedro tomou conhecimento da trágica notícia, furioso e com o seu coração cheio de dor declara guerra ao pai e assim que sobe ao trono persegue os assassinos de Inês e manda-os executar.
Para além disso, Pedro legítima os filhos que tivera com D. Inês afirmando que tinha casado com esta em Bragança, razão pela qual hoje se refere que “após a sua morte foi rainha”.
D. Pedro mandou ainda construir dois esplêndidos túmulos no mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo da sua amada Inês e onde mais tarde se viria a juntar a ela para aí permanecerem eternamente juntos.
Tão bela história merece esta breve referência, adoramos este passeio pelos  jardins, onde pudemos também desfrutar de toda a paisagem envolvente. O único inconveniente foi o piso irregular e a dificuldade na mobilidade para se aceder com um carrinho de bebe mas valeu imenso a pena, por isso deixo aqui alguns dos nossos momentos.
 
Espero que apreciem…
 
Fonte das Lágrimas
Anfiteatro "Colina de Camões" - Quinta das Lágrimas
Árvore Milenária - Quinta das Lágrimas
Arco Neo-Gótico - Quinta das Lágrimas